Tags:Análises (PS3), Análises (X360), Playstation 3, PS3, Vanquish, XBox360
Existem games que são fadados ao
esquecimento. Seja for falta de confiança do gamer na produtora, seja
por falha da estratégia de marketing da produtora acerca de seu produto,
ou até mesmo por forças sobrenaturais, dignas de Mun-Rá. São games que
muito gamer não sabe sequer que existe, e não por consequência são
ruins. Ao contrário muitos games que entram nessa “faixa” são
verdadeiramente muito bons.
Exemplos claros desses games, que
carinhosamente chamo de “Os Melhores Games que Ninguém Jogou”, posso
incluir Klonoa e Valquire Profile Silmeria para Playstation 2 por
exemplo. Voltando mais no tempo, temos o carismático The Firemen, game
lançado para SNES (que terá análise aqui algum dia desses), Burning
Rangers, para Sega Saturn, e por ai vai. Ótimos games, mas que não
fizeram o sucesso merecido.
Eis que finalmente, na atual geração de
consoles, conheci o game que passa a ser o meu particular favorito
“Melhor Game que Ninguém Jogou”. Um game que tem como produtora a Sega,
produtora essa em quem ninguém mais confia. Um game que teve um péssimo
planejamento de Marketing da Sega. Um game que, de repente, teve sim
forças sobrenaturais atuando contra o sucesso do mesmo, mas que, mesmo
assim, é um dos melhores games dessa geração sem sombra de dúvidas.
Apresento-lhes Vanquish.
Esse sim é o “Action Man”!
Sempre gostei muito de animes de ação,
independentemente se a ação era focada em batalhas corpo a corpo, se com
pseudo-humanos se utilizando de super poderes, se com batalhas cheias
de armamentos ou se com Mechas super-poderosos. Por consequência, sempre
me decepcionei com os games baseados nesses animes, pois nunca
conseguiam transmitir a sensação visceral que a animação passava.
A alguns anos atrás consegui ter uma boa
dose de adrenalina e estilo com um game que não se baseia em nenhum
anime, mas que é melhor do que qualquer animação sobre Mechas que já vi,
Zone of the Enders 2. Desde então, não mais nenhum game de ação havia
conseguido me surpreender de maneira tão impactante quando o game de
Hideo Kojima, isso até a chegada de Vanquish.
O game distribuído pela Sega e produzido
pela Platinum Games é pura adrenalina. Com uma ação estilizada ao
extremo, que empolga até mesmo quem não é fã do gênero, se não a
arriscar uma partida, pelo menos a olhar alguém jogando.
No game, que se passa no futuro,
personificamos Sam Guideon, usuário de um traje experimental de batalha
criado pela DARPA, que é uma agência voltada para o desenvolvimento de
armamentos militares de ponta. Esse traje, que é o grande trunfo do
game, é equipada com o que há de mais moderno em segurança pessoal
militar, permitindo que um só homem elimine hordas de inimigos, uma vez
que masterize todos os recursos do mesmo. O início do game, em que um
bom tutorial é apresentado, de forma bem integrada ao game, deixa claro o
quão poderoso e versátil é o traje.
Após um ataque de uma gigantesca colônia
espacial, que dizimou a cidade de São Francisco, a presidente dos
Estados Unidos recebe uma ameaça Russa de que a próxima cidade a ser
destruída será Nova Iorque, a não ser que, em dentro de 10 horas, os
Estados Unidos da América se rendam por completo.
É claro que a presidente não se renderá a
terroristas, e envia um ataque em massa à colônia espacial em questão.
Dentre as equipes de ataque está Sam e seu traje “overwelming”, que será
pela primeira vez colocado a prova em real situação de batalha.
Sim, a velha rixa “EUA bonzinhos contra
um maluco russo terrorista” está de volta mais uma vez, mas ao contrário
de games de guerra que tentam se levar mais a sério do que o deveriam,
em Vanquish dá a impressão de que a história foi, propositadamente,
inserida tão somente como desculpa para a ação, no bom e velho estilo
“Sega Arcade”, apesar das tentativas de reviravoltas e de segredos entre
os personagens. Por exemplo, Sam vai à estação com a desculpa de
auxiliar a batalha contra o inimigo dos EUA, mas na verdade,
secretamente, sua missão é resgatar o cientista que foi o criador do
traje e da energia que sustenta a colônia espacial, mas isso é
explicitamente exposto ao jogador nos primeiros cinco minutos de
história do game.
Uma vez dentro da colônia o que importa é
atirar em tudo o que se mover e que não seja humano, pois no game, os
inimigos são robôs, e acreditem, os “bixos” são bravos.
Com o controle de Sam nas mãos do
jogador, uma vez dentro da colônia espacial, fica claro o porquê de o
game ser considerado uma virtuose da ação. Os comandos são de fácil
execução e todos extremamente muito intuitivos. Podemos escolher com
qual arma queremos atirar dentre as três que podemos carregar
simultaneamente ou se lançaremos uma granada dentre os dois tipos
disponíveis: a tradicional granada que explode tudo em volta, ou se uma
granada de pulso eletromagnético, que paralisa temporariamente os
inimigos. Apesar do tom futurista, as armas que Sam possui em seu
arsenal são todas bem conhecidas. Metralhadoras, shotguns e snipers, por
exemplo, dão o tom da destruição. Essa escolha em não deixar tudo cheio
de lasers dá ao game uma sensação única, que mistura o visual futurista
dos trajes, naves e afins contrastando com a boa e velha munição “de
chumbo” e explosões viscerais. Assim o jogador tem sim aquela sensação
de estar em um futuro, mas ao mesmo tempo fica confortável se utilizando
de equipamentos de conhecimento já prévio. Difícil sintetizar essa
relação em palavras inclusive.
Apesar de as armas de fogo serem “o ente
assassino” do game, a grande vedete é por certo o traje de Sam, traje
esse um ato de genialidade vinda de uma das mentes nipônicas mais
brilhantes do mercado, Shinji Mikami.
Graças ao traje, Sam pode se deslocar
velozmente, se deslizando, seja deitado, seja de joelhos no chão, afim
de alcançar um local sem ser atingido, flanquear os inimigos sem ser
praticamente ser notado, ou mesmo, fugir de situações extremamente
inusitadas, em especial nas batalhas contra os chefes. É preciso tomar
cuidado para não super aquecer o traje, mas isso é algo que, após as
cinco primeiras utilizações desse recurso, utilizar-se adequadamente
desse recurso torna-se algo “orgânico”.
A outra sacada do traje é o já clichê
bullet-time, que dispensa comentários. Em Vanquish, só se pode utilizar
da câmera lenta após uma imediatamente após uma esquiva, assim sendo,
Sam se esquiva, assume a posição de tiro e o efeito tem inicio. Assim
como na habilidade do rápido deslocamento, é necessário tomar cuidado
para não super aquecer o traje.
Podem parecer habilidades que, explicadas
textualmente, isoladas, não sejam grande coisa, mas acredite, quando
você estiver protegido atrás de alguma construção para não levar tiros e
tiver de se utilizar do rápido deslocamento para sair urgentemente de
onde está pois um chefe do tamanho de um prédio está prestes a lhe
esmagar, flanqueá-lo, e imediatamente acionar o modo “bullet-time” para
atirar no ponto fraco do mesmo o máximo de tempo possível, para em
seguida, partir em velocidade para se proteger de projéteis novamente,
tudo isso em questão de segundos, entenderá o porquê esse traje foi uma
das melhores idéias dos games até hoje.
Por falar em se proteger atrás de alguma
construção, o sistema de cover em Vanquish é muito similar a Gears of
War, mas mais fluente e veloz do que o “truncado” game citado.
Vale dizer também, que além de atirar e
de realizar as peripécias que o traje nos permite, temos movimentos
clássicos que praticamente todo game de ação possui, como a esquiva por
rolamento e ataques físicos, todos, muito bem integrados à intenção de
ação non-stop de Vanquish.
Os inimigos, como em todo game de ação
seguem um padrão visual até o fim, mas não chegam a dar aquela sensação
de estar sempre atirando na mesma coisa. Destaque aqui para os chefes,
que aparecem sempre para quebrar o ritmo sempre progressivo do game, e
para injetar ainda mais adrenalina e loucura áudio-visual no jogador. As
batalhas contra os chefes em Vanquish são totalmente furiosas e
Old-School. Normalmente, temos de atirar em algum ponto fraco externo do
chefe, para revelar o ponto fraco real dele, o ponto que vai realmente
“tirar vida” do chefe quando acertado. Esse ponto fraco principal fica
exposto por algum tempo e depois é recolhido novamente, assim, o jogador
deverá sempre fazê-lo ser exposto novamente, enquanto tenta sobreviver
às ignorâncias explosivas e destrutivas dos chefes, que podem chegar a
ter o tamanho de prédios.
O pacote áudio-visual de Vanquish é
extremamente competente. A trilha sonora, eletrônica como não poderia
deixar de ser, casa completamente, não só com o que ocorre durante a
partida, mas também com todo o ambiente e contexto geral do game. Apesar
de competente, a trilha sonora quase não é notada, dada a loucura que a
jogatina de Vanquish é. Tentando sobreviver a hordas de inimigos a cada
centímetro avançado, fica difícil parar para prestar atenção na trilha
sonora. O simples fato de a trilha não irritar ao longo da campanha já
garante a boa qualidade das composições. Não tem nada haver com
Vanquish, mas tenho uma saudade da época em que games de ação tinham
trilhas marcantes, Streets of Rage 2 e Yuzo Koshiro que não me deixem mentir…
Os efeitos sonoros não tem nada demais,
apenas cumprem bem o seu papel, o que não é nem mérito e nem demérito
nenhum. Estão lá, todos bem alocados às necessidades do game e ponto.
O visual de Vanquish, artisticamente
falando, é fabuloso. O game possui belos cenários e um character design
inspiradíssimo. Destaques aqui para o traje de Sam, que é imponente e
lindo de morrer, e para os chefes, verdadeiras monstruosidades robóticas
gigantescas fabulosas. Na verdade, Vanquish deve ser um dos games, em
toda a história da indústria, com as melhores batalhas contra chefes, ao
lado de pesos pesados como a franquia Metal Gear, Zone of the Enders,
entre outros…
Tecnicamente falando, Vanquish tem
pequenos problemas, como resoluções em uma qualidade abaixo de games de
sua época e o fato de rodar a “somente” 720P. Com relação às texturas,
isso quase não se nota, pois dada a velocidade com que tudo ocorre na
tela, não a tempo de o jogador ficar se irritando com resoluções abaixo
do esperado ali e acolá. Com relação aos 720p, isso é coisa minha mesmo,
na boa, não tenho um console que rode games a 1080p para me contentar
com 720p. Isso não atrapalha a beleza do game como um todo, mas chamo
isso de “desleixo multiplataforma”.
Em contrapartida, efeitos como blur, por
exemplo, são muito bem utilizados em Vanquish. Cenários e personagens
são muito bem construídos e o game roda lisinho em 60fps apesar de toda a
loucura que se passa na tela. Somente isso que garante ao game um bom
nível visual tecnicamente falando.
O ponto mais negativo de Vanquish com
certeza é a construção de personagens e o trabalho de dublagem.
Construção de personagens aqui é igual a zero, sério mesmo. Aconselho
que você se esqueça da história e de qualquer outro fator que não seja a
jogabilidade e a ação non-stop do game, pois profundidade de enredo
aqui não existe.
Com relação à dublagem, o trabalho feito
aqui foi um dos mais equivocados que já vi nesses anos de gamer. Não
somente a dramaticidade das vozes é ruim, mas as vozes não casam com os
personagens. Um ótimo exemplo disso é o próprio Sam, que tem cara de
“bom menino”, mas tem a voz e personalidades de um canastrão. Tive,
quando ouvi pela primeira vez Sam falando, a mesma impressão que tive
quando pela primeira vez assisti Dragon Ball Z dublado e ouvi o Freeza,
com aquele visual de menininha com o vozeirão que colocaram nele por
aqui. É impactante, mas não no bom sentido…
É possível dizer também que a duração do
game é um fator negativo. A campanha de Vanquish deve durar em torno de 6
a 7 horas de jogatina. Dado o tempo médio de duração de games de ação
está na média, mas se o compararmos com games como Ninja Gaiden Sigma 2,
que tem uma campanha bem maior que essa, é compreensível que
reclamações nesse sentido sejam levantadas.
E por fim…
Se sua onda são games que primam por
questões como enredo e relações interpessoais entre os personagens,
esqueçam Vanquish, a onda aqui é para quem gosta de ação ininterrupta
pura e simplesmente. Com muito estilo, muita fúria visual e muita
competência, Vanquish entrega ao jogador tudo aquilo a que ele se
propõe. Se quiser um game em que quer se sentir o fodão durante sua
campanha, Vanquish é o game. Desligue seu cérebro e destrua tudo a sua
frente, pois isso, poucas vezes, foi tão prazeroso quanto o é com
Vanquish.
Sim, é muito bom, e sim, é da Sega! Estranho não? (momento piada interna…)
Nome: VanquishConclusão: Vanquish é um game muito bem polido, saído de uma das mentes mais brilhantes do entretenimento eletrônico desde sempre, que entrega ao jogador tão exatamente o que ele se propõe e o faz com extrema competência. Se ação é o seu sobrenome, flerte com Vanquish, pois vale muito a pena!
Sistema: PS3, X360
Desenvolvedora: Platinum Games
Ano de Lançamento: 2010
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